terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Lançamento de Livro

Apenas lembrando que amanhã é o lançamento do livro Desenvolvimento Econômico: Uma Perspectiva Brasileira. O livro ficou ótimo, recomendo fortemente a leitura. Para quem ficou curioso, segue um resumo do capítulo escrito por mim (Experiências Comparadas de Política Industrial no Pós-Guerra: Lições para o Brasil). Aguardo todos lá.



Existe uma extensa literatura discutindo qual a principal causa do crescimento dos países do Leste Asiático. As conclusões vão desde que a política industrial prejudicou o crescimento, passando pela sua neutralidade ou pouca relevância, até que elas foram preponderantes para o desenvolvimento desses países. Foge ao escopo desse capítulo confirmar ou refutar alguma dessas conclusões. No entanto, é possível tirar algumas lições para o caso brasileiro. 

Primeiramente, fica claro que políticas industriais são justificadas na presença de falhas de mercado (usualmente externalidades). Em boa parte dos casos, as intervenções de governo mais adequadas para corrigir as externalidades são políticas industriais leves, que contemplam intervenções de mercado voltadas para determinadas atividades (subsídio para P&D é o caso mais emblemático) ou provisão de bens públicos para determinados setores. Políticas industriais pesadas, ou seja, que distorcem o preço relativo de determinados setores, devem ser usadas com moderação e precisam ter mecanismos adequados de incentivo e punição. 

Ademais, a comparação da experiência de diversos países permite concluir que política industrial não é condição suficiente para garantir convergência para o nível de renda dos países mais ricos. Pelos mais diversos motivos, praticamente todos os países do mundo fizeram algum tipo de política industrial. Alguns conseguiram crescer de forma sustentada e hoje são países desenvolvidos, mas a maioria deles não alcançou os resultados almejados, inclusive o Brasil. 

Nesse sentido, a diferença entre sucesso e fracasso está no modo como são construídos os incentivos para as empresas e setores contemplados pela política industrial. Proteção excessiva por tempo indeterminado, ausência de metas e regras de saída, barreiras para importação de insumos e adoção de novas tecnologias – características típicas da experiência brasileira – parecem ser a receita certa para o fracasso. Japão e Coreia do Sul, ao evitar esses erros, conseguiram mudar a estrutura de sua economia e crescer de forma sustentada. A China parece seguir o mesmo caminho. 

Além disso, conclui-se que certas políticas horizontais são condições necessárias para que sejam alcançados níveis mais altos de renda. De fato, não se conhece país que tenha obtido sucesso sem, por exemplo, provisão satisfatória de infraestrutura, investimentos significativos em capital humano e ambiente macroeconômico adequado. 

Em resumo, o sucesso dos países do Leste Asiático é uma combinação de políticas horizontais (investimentos em educação, infraestrutura e inovação, entre outros), políticas industriais leves (investimento na formação de engenheiros, por exemplo) e políticas industriais pesadas bem desenhadas (proteção e crédito direcionados para determinados setores, por exemplo, mas com redução gradual do apoio e exposição dos setores à competição internacional).

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