domingo, 6 de julho de 2014

O Casal 20 junto de novo

Hoje é domingo, dia de Fla Flu Celestial. Não sei se vocês sabem, mas todo dia é domingo no céu. E todo domingo tem Fla Flu. E todos são decisivos. E no céu, como aqui na terra, o Fluminense leva enorme vantagem nesses confrontos.

Por isso hoje o vestiário do Flamengo Celestial estava em festa. Jogavam pelo empate e o time estava embalado. Minutos antes de entrarem em campo o clima era de otimismo absoluto. Eis que entra esbaforido um anjo da comissão técnica dos rubro-negros: — “Fodeu, ele vai jogar!”.

Normalmente esse tipo de palavreado é proibido no céu. Mas São Pedro faz vista grossa quando o assunto é futebol. Com a barulheira que havia se instalado no vestiário quase ninguém ouviu o anjo. Então ele berrou de novo: — “Gente, fodeu, ele vai jogar!”.

De bate-pronto outro integrante da comissão técnica respondeu: — “Grande coisa, hoje é a estréia do Washington no Fluminense Celestial. Já estamos preparados para isso. Bateu forte no peito e bradou: — “Aqui é Flamengo, porra!”. 

No que um cartola complementou: — “Se ainda fosse o Assis. Aquele filho da puta sempre arrumava um jeito de marcar um gol contra a gente ...”.

E foi nesse momento que, estarrecidos, os flamenguistas perceberam que a notícia era justamente essa. Assis iria jogar pelo Fluminense Celestial. E fez-se um silêncio que pareceu durar uma eternidade. E olha que no céu uma eternidade costuma demorar muito.

Logo um aparelho de rádio foi sintonizado na Rádio Globo Celestial. O Flu já estava em campo e Assis dava uma entrevista ao vivo, na beira do gramado: — “Quando soube que o Washington iria estrear hoje contra o Flamengo Celestial, eu tive que vir também. Não poderia deixá-lo sozinho em um momento como esse”.

A essa altura o clima era de velório no vestiário rubro-negro. Era muita sacanagem escalarem o cara assim, em cima da hora. Um dirigente tentou animar os atletas do Flamengo. Em vão: todos eles já sabiam o que significava ter o Carrasco do outro lado.

E nuvens começaram a se formar nas imediações do Maracanã Celestial. Mas não eram prenúncio de chuva. Eram toneladas de pó de arroz que anunciavam mais uma vitória tricolor. Provavelmente seria sofrida, como sempre são as conquistas do Fluminense. Na tribuna de honra, o Papa João Paulo II, vestido com sua camisa tricolor, acenava para a massa em êxtase. E a torcida do Fluminense Celestial cantava com a certeza de que, com o Casal 20 novamente em campo, não haveria como perder aquele jogo. 

E assim foi.



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