sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Sobre futebol e intolerância (II)

Aranha ontem foi o melhor em campo. Fez pelo menos três defesas difíceis e evitou que o Santos saísse derrotado no confronto com o Grêmio pelo Campeonato Brasileiro.

Não bastasse isso, mais uma vez ele fez a diferença fora de campo. Mas agora não pode vaiar e xingar o time adversário? Claro que pode. Entretanto, quem acompanha futebol e tem um pouco de discernimento sabe que, obviamente, as vaias e a hostilidade que ele recebeu não foram normais ou coisas do jogo. Quem diz isso é, usando as palavras do próprio Aranha, hipócrita.

Ele claramente foi vaiado e hostilizado por conta das denúncias de racismo que fez no último confronto entre os dois clubes. Que meus amigos gremistas me desculpem, mas a torcida do Grêmio sinalizou que concorda com as atitudes racistas que aconteceram dentro do seu estádio.     

Novamente Aranha não se esquivou das perguntas. No meio de tanta besteira que se falou sobre o assunto (essas foram as contribuições de Felipão e Pelé), ele manteve a lucidez e a ponderação todo o tempo. Mas nunca deixou de ser incisivo. Sabe muito bem do que fala e a mensagem que quer passar. Sozinho, Aranha já fez muito mais contra o racismo do que todas as campanhas insossas da CBF e da Fifa sobre o tema.

Leia aqui a postagem anterior sobre o assunto.

PS. Talvez tenha escolhido mal as palavras. Não quis dizer que todo gremista é racista, tampouco que a torcida do Grêmio é mais racista do que as outras. Nem pretendo abrir uma campanha contra o Grêmio. O fato é que todo episódio envolveu a torcida do Grêmio. Poderia ser a torcida de outro clube. Eu reagiria do mesmo modo se fosse com a torcida do Fluminense? Creio que sim, mas também não posso garantir isso (vemos as coisas diferentes quando estamos emocionalmente envolvidos). O ponto é que para mim ficou bem claro que as vaias ao Aranha foram de alguma forma desproporcionais (não sei se essa é a melhor palavra, mas ainda não encontrei uma melhor). E tive essa impressão mesmo antes das declarações do Aranha. É como pornografia: é difícil definir, mas se reconhece na hora quando se vê.

PS2. Achei essa postagem ótima, traduz bem o que eu quis dizer a respeito do episódio. O cara é gremista e estava no estádio.

É preciso bem mais do que faixas antes dos jogos para combater o racismo

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