quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Copa ao redor do meu umbigo (II): Brasil 0 x 0 México

E lá vai a segunda crônica sobre a Copa do Mundo (leia a primeira aqui). Desta vez saiu publicada no jornal Valor Econômico (leia aqui se você é assinante). Estão finalmente descobrindo a minha vantagem comparativa.

Quando Felipão encontra Liberatinho

Substituições. É disso que este artigo trata. O grupo está coeso, eu vou entrar para somar e todos devem estar prontos para quando aparecer uma oportunidade, diria eu se fosse um jogador de futebol.

Algo muito corriqueiro no futebol moderno, as substituições somente foram permitidas a partir da Copa do México, em 1970. Antes disso, em caso de lesão, as equipes eram obrigadas a continuar a partida em desvantagem numérica. Atualmente as substituições têm um papel tático importante no futebol. Quando bem-feitas podem mudar o rumo de um confronto.

E isso nos leva a Liberatinho. E nesse ponto vocês devem estar se perguntando: quem é ele, afinal? Você não vai falar do jogo? O que isso tem a ver com a Copa do Mundo? No que eu respondo: calma que eu chego lá.

Pois bem, Liberatinho foi técnico do time infantil do Central Atlético Clube, equipe que defendi com muito orgulho ao longo de minha infância em Miguel Pereira. Um dos jogadores do nosso elenco era o Tutuca, que por coincidência era filho do Liberatinho. Independente do placar, do resultado e da configuração do jogo, Tutuca era sempre escalado no segundo tempo. Sempre a mesma coisa. O que nos leva, finalmente, ao confronto de ontem entre Brasil e México.

O Brasil novamente não jogou bem. E mais uma vez foi previsível. Trata-se de um time fácil de ser marcado. E as substituições, que poderiam mudar o andamento da partida, foram igualmente previsíveis. A primeira foi para consertar um erro de escalação: Ramires é útil como segundo volante, vindo de trás sem marcação como elemento surpresa. Como terceiro homem de meio-campo é aquilo que vimos. Paulinho está mal, e nesse caso Ramires seria uma boa opção pensando na sequência da competição.

As outras duas substituições foram mais do mesmo: meio-campo por meio-campo, centroavante no lugar de centroavante. E o time continuou jogando da mesma maneira. Parece que cada jogador tem o seu reserva predefinido – com características similares ao do titular da posição – e as alterações são sempre seis por meia dúzia. Nos jogos realmente decisivos, temos opção caso seja preciso fugir de uma retranca ou tentar algo diferente? Por que não Willian e Oscar juntos?

Mas não se desesperem. Apesar de Liberatinho e de suas substituições previsíveis, aquela equipe foi muito vitoriosa. Portanto, ainda acredito que o hexacampeonato virá. O que ficou claro hoje é que ainda sofreremos muito até lá.


Mauricio Canêdo Pinheiro, economista, pesquisador do IBRE/FGV e goleiro (de pelada)


Rumo ao hexa!

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